De modo a permitir a entrada e proliferação do homem e da sua atividade, foi necessário arrasar, ao longo dos tempos, a milenar floresta Alentejana, através de sucessivos processos de desbaste e do fogo. Durante a era do carvão vegetal, o Alentejo apresentava-se como um exportador de excelência. A Grã-Bretanha viu o seu potencial industrial crescer à nossa custa com um carvão de qualidade (azinho e sobro), leve (fácil transporte) e muito explosivo (alta eficiência). Mais tarde, com o Estado Novo e a Campanha do Trigo, iniciada em 1929, pretendia-se "dignificar a indústria agrícola como a mais nobre e a mais importante de todas as indústrias e como primeiro fator de prosperidade económica da Nação". Através de incentivos e subsídios destruiu-se tudo o que se tinha para criar uma nova monocultura: trigo. Com a queda do regime e a consequente Reforma Agrária surgiu a necessidade de proceder a uma “renovação” ao nível dos solos e culturas, de forma a corrigir erros do passado, dizia-se. Assim, numa política de cooperação intercomunitária, a Polónia contribuiu com alfaias agrícolas que apoiaram esse processo. Acontece que, o coberto vegetal Polaco é substancialmente maior que o do Alentejo logo, a maquinaria que viria auxiliar possuía um calibre muito superior ao necessário e, portanto, o resultado foi trágico. As terras violentamente remexidas acabaram por deixar uma imagem árida de rocha e cascalho à superfície enquanto o solo rico em nutrientes era afundado. Como é natural, a fertilidade dessas terras começou a cair abruptamente. Quando se pensaria que não era possível piorar mais, eis que se iniciou a plantação da única espécie ainda capaz de crescer naqueles solos e os esgotar até à exaustão: o Eucalipto.
(continua)
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