Turismo.
Estamos à espera de quê?
O turismo é uma atividade cada vez mais mediatizada e muito em voga nos dias de hoje. No entanto, nem sempre tem sido corretamente abordada, sendo ainda vulgarmente vista como uma moda passageira tida como elitista e restrita, facto que acaba por nos desviar da reflexão que se impunha. Seria importante analisar a sua génese, bem como os factos a ela associada, de forma a perceber de que forma poderá contribuir positivamente para a nossa sustentabilidade.
Deixando de parte para outra reflexão a definição de turismo e as várias “modalidades”, o turismo, tal e qual o concebemos hoje, apenas foi possível graças a uma série de mudanças económicas, sociais, político-legais e tecnológicas de fundo.
Em primeiro lugar, é inegável que, a partir do séc. XVII começámos a “desenhar” uma nova percepção do ser humano e a instaurar novos valores éticos. Instaurámos um horário de trabalho, em alternativa ao horário solar, o que acrescentou algum tempo livre para a criação de novos padrões, nomeadamente uma certa cultura urbana de burguesia e intelectualidade - um ócio construtivo. A paz do pós-guerra veio proporcionar uma série de alterações socioculturais até então impensáveis. O fordismo permitiu uma maximização do trabalho através de um crescimento da produção e diversificação de padrões de consumo, aumentando o rendimento das famílias e o tempo disponível para férias. Mais recentemente, com a França como percussora, assistimos a uma série de reivindicações apoiadas em vários movimentos de emancipação social (ex. Maio de 69), e sindicais que contribuíram para a instauração de uma série de regalias até então inexistentes sendo a principal, o direito a férias remuneradas. Assistimos com tudo isto a uma natural democratização do turismo, sendo hoje visto mesmo como algo de imprescindível para o normal decorrer do trabalho.
Por outro lado, e em complementaridade, deram-se enormes avanços em duas áreas, muito relacionadas entre si. Por um lado nas infra-estruturas de comunicações, quer rodoviárias, quer ferroviárias, e por outro nos meios de transporte, em que a enorme evolução na indústria aeronáutica, nomeadamente no motor a jacto, funcionou como o grande propulsionador da difusão do turismo como atividade mundial e globalmente acessível.
A génese do Turismo está então associada a climas de alguma convulsão social, movimento e mudança. Talvez por isso seja hoje, sem dúvida, a maior e mais pujante atividade a nível mundial. Isso reflete-se na criação de emprego e na geração de riqueza, sendo este sector responsável por empregar 231 milhões de pessoas em todo o mundo, o que significa, segundo dados do World Travel & Turism Council, 8,3% do total do emprego a nível mundial, 9,3% dos investimentos internacionais, 12% das exportações e 3,6% do PIB mundial. Os turistas são responsáveis por 10,2% do consumo mundial. Estima-se que em 2005, a nível de acomodações, tenham sido gerados 680 mil milhões de dólares. Notável é ainda a extraordinária capacidade de regeneração do Turismo. Após a crise global de 2009, a atividade turística a nível mundial subiu 6.6% em relação ao ano anterior. De acordo com a previsão do World Tourism Organization, os 842 milhões de turistas de 2006 terão praticamente duplicado para 1.6 biliões em 2020 e prevê-se a extraordinária marca de 12% do PIB mundial até à data 2017.
Portugal, estamos à espera de quê?
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