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terça-feira, 18 de outubro de 2011

Ensaio sobre a Lucidez



A arquitetura e a forma como é construido o enquadramento legal das questão relacionadas com os recursos naturais e ambientais nem sempre é a melhor. Aliás, a forma como se tenta traduzir numa figura jurídica e para um procedimento institucional, um sem número de conceitos e dinâmicas naturais, acaba quase sempre por ser devastadora. Geralmente optamos por criar leis “fast-food”, de actuação momentânea, fugaz e localizada, acabando por executar medidas avulsas, que permitem atingir metas isoladas com um horizonte temporal curto. Prolongar estes procedimentos por muito tempo poderá conduzir-nos a um ponto sem retorno.
Paralelamente a isso, a nivel nacional, europeu e até mundial comete-se um outro erro de palmatória que teve, tem e terá consequências completamente destruitivas para o equilibro natural mundial. Toda a abordagem integrada, própria da natureza é simplesmente destruida com a criação de um sem número de ministérios no Governo Português, direcções-gerais ao nível da Comunidade Europeia e departamentos no seio das Nações Unidas que irão trabalhar cada um isoladamente numa área específica de atuação.
Esse erro comete-se a desde o momento em que uma instituição de educação guia de forma afunilante uma pessoa para uma Licenciatura Y que tornará a mesma num Engenheiro Y. De seguinda ele tornar-se-á Mestre, brilhante especalista no método A. Mais tarde não contente com isso ele doutora-se e torna-se brilhante especialista no método A que usa a técnica X de forma inovadora como nunca ninguém ousou fazer. Depois disso ele irá ser recrutado para a melhor empresa, lider no seu setor para fazer apenas aquilo, isolado de todos aqueles que estudam outra compenente do grande fenómeno global natural. Não é possivel dividir e ordenar a natureza em departamentos. Quem gere os rios tem de trabalhar em sintonia com quem gere os mares. Quem gere barragens tem de se coordenar com quem gere as orlas costeiras e assim sucessivamente, caso contrário nunca chegaremos a lugar algum. Um exemplo prático disso:
BARRAGENS. Sob um pretexto essencialmente energético, criaram-se nas ultimas décadas 70 mil barragens em todo o mundo. Pois dessas 70 mil estruturas, idealizadas e projetadas pelos mais brilhantes hidráulicos a nível mundial, nenhuma delas dispõe de mecanismos de escoamento do caudal sólido trazido pelas águas. Assim, as areias que se deslocam juntamento com as massas de água ficam retidas nos paredões das barragens e aí se acumulam ao longo do tempo. Tal fato traduz-se numa quase ausência de sedimentos a chegar à foz. Periodicamente, numa natureza virgem, uma grande cheia periodica servia de propolsor para essa camada de sedimentos que se acumulava nos estuários e num único momento era expelida para a orla costeira. As barragens aniquilaram isso. Ao não haver deposição natural de sedimentos nao há o enrocamento da orla costeira através dos cordoes dunares logo não há o consequente reforço da estrutura natural e não é possivel dar-se a tal compensação natural, pelo que temos assistido a um dramático aumento da erosão costeira. 
O caricato é que continuamos a formar intensivamente os mais especializados técnicos. Uns para encontrar soluções para os problemas que os outros provocam. Assim, os técnicos do INAG que gerem as barragens produzem continuamente o problema que os técnicos do Ministério do Ambiente responsáveis pelas orlas costeiras passam a vida a tentar resolver. Será assim tão dificil somar 2+2 ?
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Ribeira do Vascão
Mértola, Portugal

2 comentários:

  1. Feliz por ter ouvido sobre a temática deste texto antes mesmo de ele ter sido publicado.

    És, agora, oficialmente um "rafeiro" :P

    Beijinhos!!@@

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  2. "The whole is greater than the sum of its parts."

    Respeito grande João, falaste e disseste. O princípio do 'todo' devia ser universal, em todas as áreas. O todo só é igual à soma das partes na matemática.

    Temos 'agricultor'!! ahaha

    Grande abraço

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